Cotidiano

Quando tenho alguma a dizer: digo!

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Cabeça de Bacalhau

Uma expressão quotidiana que ouvi outro dia me fez pensar: "Cabeça de bacalhau". Fiquei listando coisas que são semelhantes à cabeça de bacalhau. Aquelas coisas que sabemos que existem, ou pior, pensamos que existem, mas nunca vimos, sequer conhecemos alguém que tenha visto alguma. Eu já encontrei uma espinha do bicho numa garfada uma vez, mas nunca vi a cabeça.

Quem pode dizer que cabeça de bacalhau não existe? Por falta de argumentos e de experiência, damos crédito ao que ouvimos dizer. Afinal aquilo parece ser um peixe, um animal, e como todo animal vertebrado, ele dever ter cabeça, mesmo que nunca tenhamos estudado biologia marinha, mergulhado nas águas geladas do Ártico, ou pescado por lá, concluímos que o bacalhau tem cabeça.

Em que isso importa? Aquele pedaço de carne salgada é mesmo deliciosa, mesmo que o bicho não tenha cabeça. O que interessa é que é bom e gostoso. É assim que as decisões são tomadas: não importa muito o bom senso, desde que a coisa satisfaça o paladar ou qualquer outra necessidade. O problema do bacalhau é o preço, e como tudo que é bom e caro é alvo do contrabando e da falsificação.

É claro que a falsificação não é o mesmo, é alguma coisa mais ou menos parecida. E de repente o importante não é mais satisfazer uma necessidade, mas mostrar alguma coisa sem cabeça. Existem alternativas com cabeça, mas todos procuram por aquilo que nem é original, e pior, muitas vezes é ilegal. O importante é não ter cabeça.